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domingo, 30 de julho de 2023

No fragor da batalha

Pedro Valeriano



Muito se fala nos meios católicos tradicionais acerca da “secularização” da sociedade; mas isto se faz normalmente por um ângulo que tem deficiências: é o ângulo das chamadas “três revoluções da modernidade” (protestantismo, liberalismo, comunismo). Ainda que esta perspectiva tenha suas vantagens, o fato é que ela, por ser esquemática, não parece dar conta da complexidade da situação em que vivemos; observando a realidade apenas por esta perspectiva, somos levados a encaixar esta mesma realidade em um esquema. Disto resulta a confusão que os católicos fazem — influenciados quase sempre pelos liberal-conservadores — entre o comunismo e a atual revolução que nos esmaga, que é bem outra coisa que o comunismo. “Ora, se a terceira e última revolução prevista no esquema é o comunismo, segue-se que o que vivemos hoje é um comunismo.” Trata-se de um erro perigoso: quem duvidaria ser mau negócio combater um inimigo que se desconhece? Pois bem, é Carlos Nougué quem normalmente aborda o assunto por um ângulo muito mais interessante e mais rico: o ângulo da apostasia das nações, e fundando-me em uma ótima palestra sua sobre o assunto decidi escrever o opúsculo que Nougué quis publicar em seu novo livro intitulado No fragor da batalha: A disputa nossa de cada dia. O que tento fazer ali é uma espécie de comentário à referida palestra. Quanto a isto, faço minhas as bem-humoradas palavras de Manuel Polo y Peyrolón: Conta-se de Rossini, o célebre Cisne de Pesaro, que certa vez quando pediram sua opinião acerca de Verdi, ele lhes respondera assim: “Nas obras de Verdi há muitas coisas boas e muitas coisas novas: só que as boas não são novas, nem as novas são boas”; de maneira análoga, pretendi dizer naquele texto coisas boas e coisas novas: só que as boas haveriam de ser velhas, quer dizer, não minhas, e as novas, porque de minha lavra, não seriam boas. Sendo assim, no opúsculo tentei ser o mais fiel possível ao pensamento de Carlos Nougué: em primeiro lugar, porque evidentemente se trata de um comentário a uma palestra sua; e em segundo porque sou seu discípulo, e o ideal do discípulo é seguir os passos do mestre.

Mas o fato é que minha contribuição é apenas parte deste gordo livro (são 512 páginas) que se quer publicar, muito mais abrangente e muito mais profundo. Suas páginas merecerão profunda meditação nossa, e certamente serão lidas mais de uma vez: não estamos diante de um “Ninguém”, como o chamam alguns detratores engraçadinhos, mas diante de um filósofo e teólogo sério e verdadeiramente importante. Como bem disse Carlos Bezerra em uma live com o Prof. Nougué a respeito do novo livro, nossa alma precisa deste alimento que são as boas leituras. E completo o dito costurando-o ao que falou Daniel Scherer na apresentação que escreve para o mesmo livro: as disputas diárias de Carlos Nougué não são apenas uma denúncia “dos outros”, mas são um esforço de autopurgação que faríamos bem em emular. Creio, portanto, que o livro não constituirá “apenas” um importante alimento intelectual, porque no fundo é um belo exemplo de despojamento e de coragem digno de um verdadeiro discípulo de Santo Tomás, este que sendo o maior fez-se também um “Ninguém” diante da verdade e diante de Deus. Ora, se quem diz verdades faz inimizades, o fato de a campanha não ter alcançado os 100% nos primeiros dias não será indício de que Carlos Nougué as tem dito com muita frequência?

Não deixem de participar da campanha, faltam poucos dias para o seu encerramento. E sobretudo leiam o livro!

Link para a campanha: edicoes.santotomas.com.br/projetos/no-fragor-da-batalha/
Vídeo de apresentação (1/4): www.youtube.com/watch?v=JDWyjDB6tyc
Vídeo de apresentação (2/4): www.youtube.com/watch?v=GApDoP-TsdM
Vídeo de apresentação (3/4): www.youtube.com/watch?v=V05BC4casu8
Vídeo de apresentação (4/4): www.youtube.com/watch?v=aSQJBtal_iw